O Impulso HQ esteve no dois dias de Brasil Comic Con, que aconteceu nos dias 15 e 16 de novembro em São Paulo, e entre um cosplayer e outro, e uma atração e outra, visitar os stands das editoras e lojas era uma boa pedida para passar o tempo. Dentre os muitos stands, um se destacava por não promover um produto físico, mas sim virtual, o Comix Trip, aplicativo nacional que será lançado na Apple Store em breve.
O Impulso HQ conversou com Alexandre Montandon, diretor editorial, desse aplicativo que é o pioneiro desse tipo, quando se trata de quadrinhos nacionais. Essa “livraria virtual” tem como objetivo formar um público leitor, e aposta muito na fórmula audiência x conteúdo para alcançar popularidade. “É uma lógica diferente da do impresso ler quadrinho de maneira digital. É um potencial não explorado”, explica Alexandre.
comixtripAlexandre também explicou que outro ponto do projeto é mostrar o quadrinho independente nacional para um público maior. “Com a possibilidade do app, o quadrinho nacional será acessível também para os brasileiros que moram no exterior. Hoje no Brasil, o mercado nacional continua pequeno. Você só conhece o verdadeiro público de HQs quando vai às feiras e eventos ligados ao tema”.
O Comix Trip até final de 2014 contará com 50 títulos nacionais e a previsão é que atinja 100 até março de 2015. Com essa variedade de títulos, fica claro que a intenção é atingir várias idades sem restringir o conteúdo. E como resolver isso? De acordo com Alexandre, a faixa etária é decida pela Apple, que basicamente não permite fotos de mulheres nuas nas publicações. Mas Alexandre deixa claro que há também restrições dentro do Comix Trip, “é tudo uma questão de bom senso. Não queremos putaria”, explica.
comixtrip2O lançamento estará disponível na Apple Store, e essa escolha tem um motivo. “Foi uma questão de programação. Uma só versão de software, além de ser um ambiente mais seguro e que nos permite fazer um projeto mais elaborado. No Android são 38 plataformas diferentes e há muitas ferramentas que permitem quebrar o seu código”, explicou Alexandre, mas que também revelou que os planos é lançar uma versão sim para Android depois de fevereiro de 2015.
Como o principal objetivo do Comix Trip é formar e construir um público leitor, o app trará títulos com preços acessíveis, com valores definidos em conjunto com os autores. “Sempre que converso com um quadrinhista eu pergunto qual é o legado? Todo artista tem um papel social, todo artista tem um projeto a conceber”, diz Alexandre, que afirma que assim os títulos chegaram ao aplicativo 50% em média mais baratos do que os impressos, e ainda revelou que a relação de porcentagem que ela trabalha com os autores é de 40%. O restante é dividido 30% para a Apple e 30% para a livraria virtual.
Alexandre não acha que o público leitor de quadrinho nacional vai estranhar o quadrinho digital, ou até mesmo abandonar os quadrinhos nacionais impressos. “São duas experiências diferentes. De um lado eu tenho toda a facilidade, o comodismo e o preço mais acessível do quadrinho digital. Hoje em dia é possível levar toda a sua coleção de quadrinhos dentro do tablet. Muitos leitores depois de ler o digital vão atrás do impresso. É assim que se forma público”, explicou Alexandre.
comixtripOutra vantagem do Comix Trip será a possibilidade de ler os quadrinhos nacionais em outros idiomas. Alexandre que morou quatro anos na Itália, disse que o embrião do projeto começou nessa fase quando ele sentia a vontade de ler quadrinhos nacionais e não tinha acesso. E por que não aproximar o quadrinho nacional para o público estrangeiro também? Dessa necessidade, está previsto até abril de 2015 pelo menos 100 títulos traduzidos para o inglês inicialmente. “Fica a critério do autor. Ele pode enviar já a sua obra traduzida como ele deseja, ou senão, podemos contratar uma empresa para fazer esse serviço”, afirmou Alexandre.
Para os interessados em colocar a sua publicação no Comix Trip, basta enviar um email para hq@comixtrip.com.br e preencher o formulário de cadastro que será enviado e responder anexando um arquivo .pdf com a arte.
Para finalizar, Alexandre explicou que a Comix Trip não pede nenhum tipo de exclusividade e não detém nenhum tipo de direito autoral sobre a obra. “O autor apenas tem que concordar com o termo de aceitação, mas ele está liberado de sair do sistema quando ele quiser, e também pode publicar em quantas editoras quiser. Somos uma livraria virtual. Quanto mais em exposição a obra desse autor estiver, será melhor”.
Fonte: http://impulsohq.com/
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